domingo, 5 de outubro de 2008

Todos somos criativos...

Meu personagem infantil favorito é Peter Pan. Isso causa estranhamento nas pessoas não sei por quê. Talvez por não ser o mais popular das estórias infantis. Peter parece não dar lá as mesmas lições de moral que a maioria. Chapeuzinho vermelho ensina a ouvir sempre a mamãe, senão lobo mal pode pegar. Dê o melhor de si sempre, diz a estória dos três porquinhos. Mas pra mim o menino que não queria crescer, que quis manter para sempre a inocência de uma criança é a melhor de todas a lições.

Charles Baudelaire já disse: “O gênio é somente a infância redescoberta”. Crianças não têm medo de explorar, experimentar, ousar. Para provar isso basta você olhar para o seu joelho, provavelmente ainda existe alguma cicatriz nele dessa época, ou pelo menos a lembrança de uma. Quando crescemos e nos deparamos com o mundo real, algo nos trava de tal forma que hesitamos diante de um desafio. Ou então deixamos de dizer ou fazer determinadas coisas por medo do ridículo. Eu me lembro que muitas vezes quando era criança, criava novas brincadeiras e as colocava imediatamente em prática. Produzia os presentes mais bizarros para meu pai que os guardava sempre, eram tantos recortes, tantos papéis que ele nem tinha mais onde colocar tanta coisa.

Crianças recorrem sempre à imaginação. Quem nunca foi uma rainha ou rei, ou deu vida a seus brinquedos? Quantas fantasias, quantas aventuras se desenvolvem em uma mente infantil. Mas infelizmente as asas da imaginação vão sendo aparadas pouco a pouco pela sociedade. Os adultos tentam moldá-las de acordo com o que acham que é certo. Os pais fazem isso quando repetem a todo momento: - Você é uma mocinha precisa se comportar, fique quietinha. A escola também o faz impondo regras para tudo, freando a criatividade, como a história da criança que adorava fazer lindos desenhos coloridos e quando foi para o jardim de infância sua professora impunha as cores que deveriam ser usadas nos desenhos, então quando ela passou para outra série não conseguia mais desenhar sem que a outra professora lhe dissesse quais cores usar. É assim que o poder da mente criativa de uma criança vai se estreitando, começa a se conformar somente com o que já existe e não se anima mais a criar.

Quando entrei para a graduação uma amiga disse que não havia tentado publicidade por não ser nem um pouco criativa. A verdade é que todos somos criativos, mas o ambiente em que vivemos, a forma como fomos criados faz com que deixemos essa habilidade adormecida dentro de nós. Sei que não dá pra viver só de imaginação, que um dia temos que enfrentar a realidade, e isso não é ruim. Precisamos disso para tomar conta de nossas vidas, afinal papai e mamãe não podem estar ao nosso lado para sempre. Os problemas vêm, as dificuldades aparecem e é preciso maturidade e pé no chão para enfrentá-los. Mas isso não nos impede de redescobrirmos a infância e nos tornarmos gênios, como na frase de Baudelaire.

O que isso tem a ver com comunicação? Bom como estudante de publicidade posso afirmar que uma imaginação sem asas não te impedirá de ser um publicitário e você pode comprovar isso nas peças horrorosas e vazias que existem por aí. Agora, aqueles que às vezes fazem viagens à Terra do Nunca, são os que fazem ou farão a diferença.

2 comentários:

S. Gobbi disse...

ai prima, adorei, de verdade!

senti aquele friozinho na barriga enquanto lia o texto. mexeu mesmo.

então, que as crianças sejam eternas crianças. e que os adultos sejam, junto com elas, crianças também!

vamos em direção à terra do nunca. sempre adorei a sininho mesmo. ^^

beijocas,

saudades imensas!

Anônimo disse...

Achei muito legal esse texto... muito criativa você..concordo com você,
quando vc disse que todos somos criativos, mas o ambiente em que vivemos, a forma como fomos criados
faz com que deixemos essa habilidade adormecida dentro de nós. Parabens pelo belissimo texto.bjs Renata Damaceno